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Sabores da Terra reúne todos os traços da cultura caipira no Memorial da América Latina, em SP

A 23ª edição do Festival Gastronômico Itinerante Sabores da Terra terá 60 operações gastronômicas, dez aulas show, diversas apresentações artísticas e show de encerramento do cantor Renato Teixeira.

“Momento de fé”: no mês de outubro, especialmente, fiéis de todos os brasis prestam homenagens à padroeira do Brasil: Nossa Senhora Aparecida. Desde o século XVIII, a santa é símbolo de devoção para caipiras e urbanos. No Festival Gastronômico Itinerante Sabores da Terra, há sempre uma trégua para a fé se restaurar no domingo, por volta de meio dia. O “Momento de Fé”, que comove participantes e público, será especial nesta 23ª edição do evento, nos dias 22 e 23, no Memorial da América Latina, em São Paulo.

“Sou caipira pirapora Nossa Senhora de Aparecida que ilumina a mina escura e funda o trem da minha vida”. O conhecido refrão da canção “Romaria” deve mexer com o imaginário do público do Festival Gastronômico Itinerante Sabores da Terra durante a 23ª edição, no Memorial da América Latina, em São Paulo, nos dias 22 e 23 de outubro (sábado e domingo, das 11 às 21h, pontualmente, em ambos os dias). Isso porque a icônica letra música, gravada pela primeira vez em 1977 – e que ganhou mais de 300 outras versões -, traz referências a caipiras e a romeiros de uma forma tão singela quanto forte. Há, claro, uma grande torcida para que ela seja entoada pelo cantor Renato Teixeira no show de encerramento de domingo (23), às 19h. A começar pelo coro da equipe do festival. Mais cedo, o palco que acolherá ao artista e a muitos outros pares festeiros já estará simbolicamente preparado para uma “romaria” de devotos (ou não) que queiram fazer “prece” pela paz ou agradecer, durante o “Momento de Fé”. 

A partir das 12h de domingo (23), depois de uma roda de prosa roceira com o maestro Robson Furiozo, da Orquestra de Violas ‘Cultura Caipira de Valinhos’, a imagem da santa será apresentada e inaugurado o Cordão da Fé: uma corda de sisal com 30 metros de comprimento em que o visitante poderá pendurar uma fitinha personalizada. “Esse cordão será peregrino e carregará os pedidos por onde passar”, explica Renata Tannuri Meneghetti, diretora da Elo Produções, realizadora do festival que, entre 2015 e 2022, percorreu mais de dez cidades paulistas.

Além de pratos típicos deliciosos, preparados em família e que honram as preparações do interior, com seus milhos, feijões, abóboras, os cozidos, as carnes de porco, os arrozes e os doces de tacho, o evento se destaca pela conexão com dois valores culturais muito caros ao caipira: a música e a fé. Ponto alto do Sabores da Terra desde o início, em 2015, quando foi realizado, pela primeira vez, na cidade de Indaiatuba/SP, o Momento de Fé marcou a vida da cantora Camila de Morais. 

Com a imagem da santa tatuada na pele e ansiosa pela primeira edição paulistana, ela conta: – “A gente fica muito mais próxima do público. Aquele momento em que a gente olha lá no fim do corredor e pede às pessoas que abram uma ala para que entre a imagem é único. Deixamos muito claro que independe da religião. É hora de agradecer”, explica.

A artista, que é também responsável pelo cerimonial do evento, lembra de muitas histórias vividas durante edições realizadas noutros municípios. “Por onde quer que a gente passe, no interior de São Paulo, vemos as pessoas se ajoelharem, chorarem. Houve um caso muito emocionante de uma menina de sete anos de idade que não só chorava muito como dizia ser muito grata. A avó e a mãe estavam com ela. Aí, não tem jeito. É nó na garganta e as lágrimas descem mesmo” lembra. Camila destaca ainda a importância do contar de causos puxado por Furiozo e do esquenta com as violas caipiras e a música sertaneja. “Ele toca como ninguém e traz músicas maravilhosas, de raiz. Isso faz todo o clima, todo o sentido”, aponta.

Quem cuida da parte elétrica de todo o evento é Ivan Evangelista da Silva: romeiro e, também, peão de boiadeiro num passado não muito distante. Animado para a edição paulistana, ele lembra que, nesta época do ano e noutras tantas datas, sempre motivado pela fé, deixava Jarinu (SP) com cerca de 20 carreteiros, com destino a cidades como Aparecida do Norte (SP). Iam homens e cavalos em romaria “de sonho e de pó”. “Não raro, a viagem era à noite, para preservar os animais. Antes da partida e, a cada cinco ou seis quilômetros, fazíamos uma oração”, lembra, “perdido em pensamentos”. “Agora está mais corrido fazer as romarias por causa do evento, mas sempre acompanhei minha família em comitiva. Meu irmão continua”, conta.

Símbolo de afeto

A história do Momento de Fé tem relação com a amizade entre a idealizadora do evento e Cynthia Rúbio, que apoia o evento desde 2015. Viúva de Arian Carneiro de Mendonça, publicitário que se ladeou a Renata na organização até 2019, Cynthia conta que deu a imagem da santa de presente para os pais de Renata, Maria Regina e Robélio Meneghetti, que comemoravam bodas de casamento. 

“Tinha de ser algo importante aos dois numa data tão bonita quanto da confirmação daqueles votos. Já tínhamos visto de tudo. Em Porto Ferreira, vimos a imagem de Nossa Senhora e já soubemos que aquele seria o presente para o casal”.

O afeto de amizade transformou-se em selo da família Sabores da Terra.  Em 2021, Regina emprestou a imagem para uma homenagem a Arian, falecido em 2020 e que gostaria de ter visto o evento chegar a Campinas. Desde então, a santa se tornou peregrina, viajando com o festival.

“Hoje, é muito emocionante ver que é um momento tão esperado pelas pessoas. De reflexão, admiração e de respeito”, resume Cynthia.

Caipira de fé e de arte, da cabeça ao pé, também nas aulas show

A pesquisadora Lívia Brizon também está animada para participar da 23ª edição do Festival Gastronômico Itinerante Sabores da Terra, em São Paulo. Doutora em letras, ela pesquisou o “léxico caipira” no interior de São Paulo a partir da variação de palavras que nomeiam partes do corpo humano. “É muito bom poder estar no evento e, principalmente, propor um bate papo sobre a identidade caipira, que também se manifesta, tão ricamente, por meio da língua. Vamos conversar sobre palavras do corpo humano, desde o pé a cabeça, que demonstram a riqueza de uma variedade linguística e cultural do nosso interior”, afirma. Na tese defendida junto a Universidade de São Paulo (USP), no início deste ano, ela demonstra que o dialeto caipira vem caindo em desuso, sobretudo, entre os jovens. 

A pesquisadora abre as aulas show, no sábado (22), dia em que o prestigiado sociólogo e escritor Carlos Alberto Dória divide a “sala de aula” com Gustavo Rodrigues, sócio e chef do restaurante paulistano Lobozó, que fundou com os amigos Marcelo Correa Bastos e Dória. Eles vão falar um pouco sobre “A culinária caipira da Paulistânia” (nome de livro homônimo, lançado em 2019, de autoria de Dória e Marcelo) e a formação da culinária brasileira, inspirações para o Lobozó.

O primeiro dia de aulas-show, que tem curadoria da agência de branding Diálogos Comestíveis, segue com a doce culinarista Cidinha Santiago, que trará receitas de forno e fogão, como ela mesma gosta de dizer, para uma boa merenda – ou quitanda, como se denomina a hora do “lanche” nas Minas Gerais. 

No domingo (23), destaque à roda de prosa sobre a culinária caipira coordenada pelo chef e diretor da EGG (Escola de Gestão em Negócios da Gastronomia) Ivan Achcar. O queijeiro João Laura e o charcuteiro Rafa Bocaina estarão com ele para falar do “caipira que existe em todos nós”. O chef baiano Junior França encerra as atividades da Cozinha Show com uma “sobremesa da roça”. 

Nos dois dias, o Centro Universitário UniMetrocamp Wyden fará toda a coordenação das atividades e contará com a expertise dos professores Caio Nunes e Elissa França, parceiros de longa data do Sabores da Terra, e de alunos do curso de gastronomia da instituição. 

Além das aulas gratuitas na “Cozinha Show”, cujas vagas serão limitadas e que já podem ser realizadas pelo Sympla (COZINHA SHOW SABORES DA TERRA SÃO PAULO em São Paulo – 2022 – Sympla), a 23ª edição do Sabores da Terra contará com as Oficinas do Sabor, um espaço em que os pequenos poderão plantar mudas de temperos e aprender mais sobre os alimentos.

Curiosidade

O cantor Renato Teixeira devota Nossa Senhora de Aparecida pela inspiração para escrever “Romaria”, canção que figura entre as 30 mais gravadas de todos os tempos no Brasil. Nomes como Elis Regina (com quem a música explodiu), Maria Rita (filha de Elis), Chitãozinho e Ivete Sangalo já gravaram versões. Renato renova a música caipira a cada apresentação e, por isso, segue referência. Santista de nascença e caipira de coração, foi viver e viver da música numa Sampa sessentona, em tempos bem brutos. Doce e genial, concebe Romaria num apartamento perdido na cidade, no bairro de Pinheiros. A história da canção ele contou, contrito, aos 71 anos, ao jornalista José Hamilton Ribeiro, em 2017. (Programa Globo Rural, da TV Globo). Saiba mais sobre o artista: http://www.renatoteixeira.com.br/site/ 

O Evento

Idealizado em 2015 pela relações públicas Renata Tannuri Meneghetti, diretora da Elo Produções, o Festival Gastronômico Itinerante Sabores da Terra chega pela primeira vez a São Paulo, nos dias 22 e 23 de outubro. Depois de o evento conquistar mais de 245 mil pessoas em mais de uma dezena de cidades paulistas e se reinventar, cerca de 60 operações culinárias, dez palestras gastronômicas e apresentações musicais de peso marcam a chegada dessa trupe ao simbólico espaço do Memorial da América Latina. A entrada é gratuita e a prosa, como sempre, sempre boa. O encerramento, em ambos os dias, será feito às 21h, pontualmente e o local está sujeito a regras de capacidade máxima por questões de segurança.

“Esta 23ª edição tem sabor de conquista e simboliza um sonho acalentado por muito tempo. Era preciso esperar esse fruto amadurecer para chegar bonito, na temporada correta e oferecer aquele dulçor que só a colheita da estação possui”, resume Renata pelas “longas estradas da vida”, às voltas com os preparativos para a edição São Paulo. Sabores da Terra já passou pelas cidades de Indaiatuba, Valinhos, Jaguariúna, Holambra, Águas de Lindóia, Vinhedo, São Bernardo do Campo, Sorocaba, Campinas, Paulínia, Santa Gertrudes e Mogi Guaçu. 

Trata-se de um evento gastronômico em que a cultura caipira prevalece, das raízes do pequeno produtor às mãos dos cozinheiros. Dos bastidores à cena. Além de propiciar encontros saborosos ao ar livre, a marca promove festivais temáticos em restaurantes de cidades como Indaiatuba; convoca chefs e especialistas em gastronomia para compartilharem conhecimento em aulas-show e rodas de conversa. Além dessas ações, o festival promove o Tacho Solidário e outras iniciativas voltadas ao eixo social da gastronomia.

Vale lembrar que o acesso ao Memorial da América Latina é facilitado pela estação Barra Funda. Para os organizadores, em bom caipirês, “de onde “ocê” virá, ninguém sabe ainda. Mas pra onde ocê irá nos dias 22 e 23 de outubro, há certeza.”

Manifesto Sabores da Terra

Sabores da Terra é um presente embrulhado em “orgulho de ser caipira” que a gente entrega, sempre em família, a cada cidade que nos abraça. Sabores da Terra é um retrato daquele tempinho bom de compartilhar o que nos une e diferencia. É coisa boa e curada – para viver e guardar.

No nosso mapa largo, em cada pouso ou parada, na lonjura, a gente persegue o desejo de ser do jeitinho que é. Tem um punhado de ontem e um montão de presença na nossa chegada. Uma vontade espalmada em coragem e fé.

Se comida é patrimônio, estamos aqui para preservá-la. Para comermos juntos e seguirmos em frente, mais fortes. Urbanos, pois é, voltamos às raízes para apreciar o valor do tempo e dividi-lo em porções. Para descobrir e recontar as histórias das pessoas da roça e mostrar seus jeitinhos tão peculiares de cozinhar e de celebrar. 

Juntos, somos comedores-narradores de causos. Somos caipiras, imigrantes, retirantes, sertanejos. Famílias orgulhosas de suas origens. Somos originais, desde a origem. E respeitamos, por isso, os saberes e os sabores transmitidos de geração a geração.  Somos um causo sério que, “si miorá, num estraga”.

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